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KWANYAMAS

É um povo extremamente orgulhoso, de um porte físico imponente e majestoso, e que se considera superior a todas os outro povos.

Foi uma das tribos que maior resistência fez à ocupação colonial, nunca se deixando subjugar por completo, e até hoje, alguém que queira entrar em território Kwanyama, só poderá faze-lo com expressa autorização do Soba.

É conhecida a história do Soba Manugula-Homandumbe que, vendo-se em luta desesperada com militares brancos, quando só ele e uns poucos guerreiros restavam, lhes perguntou se preferiam morrer ou ser escravos dos brancos e, sem esperar resposta os matou, suicidando-se em seguida.

Povo de qualidades guerreiras extraordinárias, aliadas ao fato de se encontrarem sempre militarmente organizados, fizeram-se impor, não só aos povos vizinhos, mas também ao invasor branco.

De uma audácia fantástica, chegaram por vezes a tentar negociações de paz, apenas como mera estratégia, pois tão logo se sentiam capazes de voltar à luta, com boas chances de vitória, esqueciam imediatamente os tratados anteriores, para voltar a marcar a sua posição.

A educação deste povo tem aspectos em comum com a antiga civilização Grega de Esparta: praticam o laconismo, e o roubo é permitido -- a terceiros, jamais entre eles -- desde que não se deixem apanhar. O ladrão que é descoberto é impiedosamente castigado pela chibata diante de toda a tribo; não pelo roubo propriamente dito, mas por não ter tido a argúcia suficiente para não ser descoberto. Do sofrimento físico, nada deixam transparecer, mas a humilhação pública, leva-os na maioria dos casos ao abandono e convívio da tribo.

O indivíduo que mais gado consiga furtar às tribos vizinhas, ou que em condições mais precárias consiga matar um leão, rapidamente sobe no conceito da tribo. Ao contrário, qualquer indivíduo que dê mostras de medo ou covardia, seja em que situação for, torna-se alvo das chacotas da tribo, é-lhe interditada a caça, e passa a ser ajudante das mulheres nas tarefas de tomar conta do gado e da lavoura.


As mulheres também, à semelhança de Esparta, têm que ser fortes e saudáveis, pois disso depende a saúde dos filhos que forem gerados.

Os homens são adestrados desde cedo nos exercício da guerra, corrida, luta, manejo de armas, sendo o único povo cavaleiro em todo o território Angolano.

As mulheres desde cedo são preparadas para o casamento, incluindo essa preparação, exercício físicos que as tornem fortes e resistentes às doenças, fatores que consideram indispensáveis à fertilidade.

A mulher que não corresponder à expectativa do marido, e for devolvida, dificilmente conseguirá casar com outro guerreiro, restando-lhe juntar-se a algum membro da tribo rotulado de covarde.

Como modo de vida, os Kwanyamas são essencialmente criadores de gado e pequenos agricultores.

Para o homem, só é apropriado o ofício de caçador guerreiro, ficando para as mulheres a agricultura e criação de gado, da qual periodicamente têm que prestar conta ao seu homem.

Os homens, quando afastados da caça, tornam-se indolentes e permanecem dias seguidos na sanzala, fazendo simplesmente nada.

O sistema político é o feudalismo, tendo os Sobas poderes absolutos, mas estando subjugados a um Rei. A este Rei, e só a ele, é conferido o direito de vida ou de morte sobre os Kwanyamas; e é indiscutivelmente obedecido, seja qual for o seu capricho, inclusive pelos Sobas.

Como indumentária os homens usam apenas uma tanga; as mulheres, como adornos, imensos colares de contas coloridas e pulseiras de cobre trabalhadas, que junto com os penteados, indicam o seu estado civil e condição econômica.



Reino Kwanyama ( Kuanhama )

O Reino Kwanyama foi fundado no final do Séc.XVIII, por Kawongekwa, e teve como cidade principal, N’Jiva.

Os Kwanyama foram a tribo que mais se destacou entre as tribos Ambó.

Foi um Reino de economia e organização militar poderosa. A guerra dava-lhes escravos e gado.

Os homens ocupavam-se da guerra, da criação de gado e da moldagem do ferro; as mulheres ocupavam-se da agricultura e da olaria, complementando a estrutura econômica. Na agricultura ocupavam-se principalmente do cultivo do milho, massango e massambala -- pequenos grãos de cereal.

Mas a atividade que maior lucro lhes dava era mesmo a guerra, com os saques de gado e bens materiais, captura de escravos e expansão territorial.

Enfrentaram de forma tenaz, as forças de ocupação colonial, nunca se deixando subjugar por completo, bem como se impuseram a todos os povos visinhos. Sempre se mantiveram militarmente organizados e preparados para os confrontos bélicos, não só por motivos expancionistas, mas principalmente para a preservarem a independência econômica. Políticos astutos, chegaram a negociar por diversas vezes a paz, mas como mera estratégia, para consegurem tempo para se reestruturarem; tão logo se sentiam de novo fortalecidos, voltavam ao combate.

Povo de um orgulho inflexível, os chefes militares Kwanyamas, quando derrotados em alguma batalha, se a retirada estratégica não era possível, preferiam suicidar-se a ser feitos prisioneiros; preferiam a morte à vergonha da submissão.

De educação Espartana, lacônicos e altivos, davam valor à coragem na mesma proporção que desprezavam a covardia. Qualquer guerreiro que eventualmente tomasse uma atitude de medo ou covardia, era sumariamente excluído do convívio dos homens, só lhe sendo permitidas as tarefas das mulheres.

Em 1915, chefiados pelo Soba Mandumbe, enfrentaram e venceram as forças coloniais de ocupação. Mandumbe conseguiu manter essa vitória por pouco tempo; traído por comandantes militares em quem depositava total confiança, suicidou-se em 1917, e só então o Kwanyama foi conquistado.

Mandumbe dos Kwanyamas e Matobe dos Kwamatuy ( Kuanhamas e Kuamatos )

Mandumbe, sucessor dos Kwanyamas e Matobe, sucessor dos Kwamatuy, insatisfeitos pela forma como os reinos que respetivamente herdariam, estavam sendo governados, prepararam o estratagema que anteciparia a subida deles aos tronos dos dois territórios, e assumirem o poder; decidiram que Mandumbe mataria o Soba Kwamatuy e Matobe mataria assassinaria o Soba Kwanyama.

Mortos os soberanos, os sucessores foram proclamados Sobas, Matobe com 18 anos e Mandumbe com 16 anos.. Mandumbe começou por governar na Embala Pequena – Pereira D’Eça, dos tempos coloniais – pois não tinha ainda idade para ir para a Embala Grande, N’Giva.

Mandumbe mostrou-se desde o início do seu reinado, um monarca fantástico, carismático, inteligente, coerente, e um estrategista militar de primeira qualidade.

Desde o princípio da sua regência, ditou leis que revolucionaram os costumes do povo; como medida de higiene, mandou que todos os homens, a partir dessa altura, começassem a andar com a cabeça e a cara raspadas, e para mostrar até que ponto fazia questão de que a sua determinação fosse cumprida, mandou chamar um velho feiticeiro que vivia afastado da tribo, e que por todos era temido, e em frente ao povo reunido, ele mesmo cortou os cabelos e a barba do eremita.

Castigava de forma severa todo o adulto que tirasse um fruto verde de uma arvora, e o rejeitasse por estar verde, bem como quem danificasse plantas que fossem produtoras de alimento. Descobriu e explorou as Tchipakas – reservatórios de água – utilizando os furos artesianos, melhorou a agricultura, utilizando sistemas de irrigação.

Mas principalmente, armou, reorganizou e começou a treinar o seu exército para a guerra.

Repeliu uma invasão dos Ingleses ao território Kwanyama, e aproveitando-se da guerra entre Portugueses e Alemães na disputa pelo Sul de Angola, consegue adquirir armas dos Alemães, para combater o Português.

No 1º confronto que teve contra o exército Português, ainda na Embala Pequena, em 1915, Mandumbe perde a batalha e retira estrategicamente. Percorre então todas as Nações Ambó, incitando-as a se unirem contra o invasor branco.

Unidos, os Ambó enfrentaram e venceram as tropas do Comandante Pereira D’Eça, que foram por sua vez obrigados a fazer a sua retirada estratégica.


Portugueses e Ingleses uniram-se contra Mandumbe em diversas batalhas que nada decidiam, até que conseguiram corromper alguns aliados dos Ambó e assim venceram as batalhas de Môngua e Mufilo.

Desgostoso com a traição, e vendo-se irremediavelmente perdido, Mandumbe mata os últimos guerreiros que estavam com ele, e suicida-se em 1917.

Sobrevieram depois questões entre os Portugueses e os Ingleses, porque os Ingleses, tendo-se apossado da cabeça de Mandumbe, alegavam ser eles os verdadeiros conquistadores dos Kwanyama, e reivindicavam por isso a revisão e o alargamento das fronteiras. Após uns quantos confrontos bélicos, a opinião Lusitana acabou por prevalecer.

Mandume opôs aos portugueses uma resistência tenaz, enfrentando ao mesmo tempo o avanço dos ocupantes alemães que vinham do sul. Face à superioridade militar dos europeus, acabou vencido. Segundo a tradição oral angolana, Mandume, ao notar que já não tinha outra saída, preferiu suicidar-se ao ter que se render. O relato oficial Sul Africana afirma no entanto que Mandume foi morto a tiros.3 4 O último rei dos Kwanyama foi decapitado e a sua cabeça foi exibida durante anos pelas autoridades portuguesas.

Rei Mandume-ya-Ndemufayo, comandou os destinos do povo Kwanhama num dos períodos mais difíceis da história da região sul, de 1911 a 1917. Desde então, o seu nome e feito ficaram marcados na tradição dos Ambós, que o apelidaram de "O cavaleiro incomparável". A sua determinação dificultou o projeto de implantação da administração colonial, impondo duras derrotas às tentativas de ocupação do seu território, o que levou os europeus a aliarem-se contra o seu reino. Durante o reinado de Mandume, as guerrilhas entre os povos africanos acabaram e passaram a ser apenas contra os portugueses que, a todo custo, tentavam ocupar a parte sul de Angola.


Mandume ya Ndemufayo foi o último dos reis Kuanyama, teria nascido no ano de 1884 e morreu a 6 de Fevereiro de 1917.



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